quarta-feira, 1 de julho de 2009

Para todos os bloguistas.

Começo por dizer que hoje estou emotiva e este post (ridículo?) é para todos os bloguistas. Desde que escrevi a primeira composição na escola primária (guardo-as todas religiosamente), o acto de criar, de escrever, passou a andar de mãos dadas comigo. Mas, por alguma razão que me é alheia e ainda não entendi até agora, quando deixei de estudar, fui-me perdendo desse hábito. No início foi complicado. Entristecia-me a ausência de fluidez das palavras, a falta de agilidade nos dedos. Aos poucos, fui esquecendo... e parei com a escrita, deixei-a adormecer em mim.

Até há poucos meses... Não sei bem como, surgiu uma frase, e depois outra, e mais outra, e elas continuavam a surgir a uma velocidade estonteante e o meu único medo era o de não conseguir acompanhar os pensamentos com os dedos. Passados uns tempos, e por um acaso, encontrei um blog cativante e pensei: porque não? É verdade que sempre tinha tido alguma relutância em dar a ler as minhas linhas, mas desta vez ninguém me conhecia e se fosse tudo uma grande porcaria, paciência. E o blog nasceu. Foi dando os primeiros passos, trôpegos e tímidos, e bem sei que parece precoce ( tem apenas um mês e meio, o pequeno!), mas agora só me apetece enchê-lo de mimos, vê-lo crescer e tornar-se num adulto forte e saudável.

Sou uma menina-mulher de emoções fortes. Vivo delas e para elas. Não é que chore facilmente, mas comovo-me com pouco. Enterneço-me com coisas pequenas e simples, porque as valorizo. E saber que sou "seguida", que há pessoas que perdem tempo a ler o que escrevo e o comentam, enche-me o coração. Todos os blogues têm um bocadinho do seu dono (pelo menos eu gosto de acreditar nisso) e o meu não é excepção. Podem ser palavras, fotografias, desenhos, músicas, tudo acaba por funcionar como uma impressão digital. O meu blog pode não ter tudo aquilo que eu sou, até porque isso não seria possível, mas tudo o que nele coloco é de mim. Está cá dentro, a latejar, de uma forma ou de outra. São desabafos, gritos silenciosos, momentos, imagens, risos e sorrisos. São desenhos feitos de palavras, emoções e sensações. E se antes escrevia apenas para mim, como que para lavar a alma; agora escrevo com força renovada, porque sei que alguém me lê. Não sei se será do passar dos anos (às vezes sinto que tenho 80), mas tudo o que é superficial me desagrada cada vez mais. Prefiro os afectos, a atenção que dispensamos aos outros, a eternidade das palavras e a partilha. Já devem ter reparado que repito vezes sem conta o substantivo palavras, palavras, palavras... Sim, eu sei-o. Faço-o constantemente, mas é só porque elas, as palavras, me respiram na pele e não consigo ser-lhes indiferente.

Não sei se interessa aquilo que escrevo ou se sei fazê-lo. Necessito de o fazer. Redescobri-me na escrita. Não voltarei a perder-me dela. Nunca.

Peço desculpa pelo post demasiado longo, assim a roçar o ridículo, mas como disse no início do mesmo... hoje estou emotiva.

Um bem-haja a todos. Por existirem, em vós e em mim.

6 comentários:

ManUel disse...

ridículo? não sejas tonta! Este é um meio onde é suposto exprimires tudo o que te vai na alma!

Interessa se escreves bem, claro que interessa. É isso que cativa em parte a vinda de pessoas novas ao teu blog para te ler.

Claro que o conteúdo é sempre mais interessante, mas não tão interessante se não escreveres bem e se o teu texto não for fluído.

E confesso que escreves bastante bem :) pelo menos na minha opinião de leigo nesta matéria.

Tudo de mim. Ou quase. disse...

:) Fico agradecida pelas tuas palavras Manuel. Acho que agora fiquei eu sem elas, o que não é muito habitual em mim...

Anónimo disse...

É tontice alguém fazer o que gosta?
Não!

Uma das frases que li no texto é bem verdadeira: todos os blogues têm um bocadinho do seu dono.
Nem mais. Logo, não será por aqui que se pode aferir da tontura do gesto.
Se assim fosse, a menina-mulher correria o risco de ser tonta.
E não é.

Gosto de perceber que existe comunicação. O que, no caso dos blogues, passa por um contacto "apertado" entre quem escreve um texto e quem comenta.
E, ainda, como no meu blogue, comentar o comentário.

Faça o favor de continuar porque tem fibra.
Não a óptica mas a outra. Muito mais útil.
E sentimentos.

Pela minha parte, agradeço vir aqui.
É estranha esta frase? Leia bem e verá que não é.

Obrigado e felicidades.

F Nando disse...

Acredita em ti pois já tens muita gente a acreditar e a gostar de te ler!
Não desistas e aos poucos vais tento o feed-back e isso é muito gratificante.
Bjs

Tudo de mim. Ou quase. disse...

F Nando:
Eu acredito em mim, até costumo ser uma pessoa segura. O que questiono é se valerá a pena postar as coisas aqui. Deixar de escrever, não deixo. Fi-lo uma vez e não quero que aconteça novamente.
Beijo

Tudo de mim. Ou quase. disse...

Observador:


quando criei o blogue não sabia muito bem como iriam funcionar as coisas... Apercebo-me que, se não houvesse qualquer comentário entre quem escreve e quem lê, se não existissem os comentários aos comentários, talvez a existência da blogosfera não fizesse grande sentido.
Vivemos num mundo em que tudo é instantâneo, volátil, impessoal. A internet terá muitas coisas boas, mas tem outras péssimas. No caso do "mundo dos blogues" em particular, agrada-me realmente a troca, a partilha a troco de nada (ou apenas de palavras). Como se denota, tenho, com efeito, muitos sentimentos a borbulhar dentro de mim. Muitas vezes, contraditórios, mas nunca deixam de ser verdadeiros. Sentir necessidade de independência/ sentir necessidade de me sentir acompanhada (não necessariamente de uma forma física, que é afinal de contas, o menos importante)é uma grande contradição, não é?
Aqui, e apesar de não conhecer ninguém, também me sinto
acompanhada. Não me perderei das palavras, prometo.
Não percebo o agradecimento de vires aqui, mas gosto que venhas. :)
Já me esquecia: às vezes gosto de ser tonta. Ser tonta não tem que ser algo mau. Ser tonta permite-me rir de mim própria e apreciar a "leveza" das coisas pequenas e insignificantes.