Começo por dizer que hoje estou emotiva e este post (ridículo?) é para todos os bloguistas. Desde que escrevi a primeira composição na escola primária (guardo-as todas religiosamente), o acto de criar, de escrever, passou a andar de mãos dadas comigo. Mas, por alguma razão que me é alheia e ainda não entendi até agora, quando deixei de estudar, fui-me perdendo desse hábito. No início foi complicado. Entristecia-me a ausência de fluidez das palavras, a falta de agilidade nos dedos. Aos poucos, fui esquecendo... e parei com a escrita, deixei-a adormecer em mim.
Até há poucos meses... Não sei bem como, surgiu uma frase, e depois outra, e mais outra, e elas continuavam a surgir a uma velocidade estonteante e o meu único medo era o de não conseguir acompanhar os pensamentos com os dedos. Passados uns tempos, e por um acaso, encontrei um blog cativante e pensei: porque não? É verdade que sempre tinha tido alguma relutância em dar a ler as minhas linhas, mas desta vez ninguém me conhecia e se fosse tudo uma grande porcaria, paciência. E o blog nasceu. Foi dando os primeiros passos, trôpegos e tímidos, e bem sei que parece precoce ( tem apenas um mês e meio, o pequeno!), mas agora só me apetece enchê-lo de mimos, vê-lo crescer e tornar-se num adulto forte e saudável.
Sou uma menina-mulher de emoções fortes. Vivo delas e para elas. Não é que chore facilmente, mas comovo-me com pouco. Enterneço-me com coisas pequenas e simples, porque as valorizo. E saber que sou "seguida", que há pessoas que perdem tempo a ler o que escrevo e o comentam, enche-me o coração. Todos os blogues têm um bocadinho do seu dono (pelo menos eu gosto de acreditar nisso) e o meu não é excepção. Podem ser palavras, fotografias, desenhos, músicas, tudo acaba por funcionar como uma impressão digital. O meu blog pode não ter tudo aquilo que eu sou, até porque isso não seria possível, mas tudo o que nele coloco é de mim. Está cá dentro, a latejar, de uma forma ou de outra. São desabafos, gritos silenciosos, momentos, imagens, risos e sorrisos. São desenhos feitos de palavras, emoções e sensações. E se antes escrevia apenas para mim, como que para lavar a alma; agora escrevo com força renovada, porque sei que alguém me lê. Não sei se será do passar dos anos (às vezes sinto que tenho 80), mas tudo o que é superficial me desagrada cada vez mais. Prefiro os afectos, a atenção que dispensamos aos outros, a eternidade das palavras e a partilha. Já devem ter reparado que repito vezes sem conta o substantivo palavras, palavras, palavras... Sim, eu sei-o. Faço-o constantemente, mas é só porque elas, as palavras, me respiram na pele e não consigo ser-lhes indiferente.
Não sei se interessa aquilo que escrevo ou se sei fazê-lo. Necessito de o fazer. Redescobri-me na escrita. Não voltarei a perder-me dela. Nunca.
Peço desculpa pelo post demasiado longo, assim a roçar o ridículo, mas como disse no início do mesmo... hoje estou emotiva.
Um bem-haja a todos. Por existirem, em vós e em mim.