segunda-feira, 31 de agosto de 2009

sEm palavras...

Hoje sinto-me assim...


Apenas.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Coisas da B...

O avô da B. fazia anos. Oitenta.
O avô da B. andou tristonho durante todo esse dia.
A avó da B. organizou um jantar surpresa para o avô da B.
O avô da B. ficou feliz por ver a família reunida.
O avô da B. recebeu algo que queria muito: uma guitarra (confirmei, doze cordinhas, todas lá...).
O avô da B. chorou. De emoção.
A avó da B. também.
À B. também deu vontade de chorar.
E aos restantes.

Post Scriptum:
A B. fez o bolo de aniversário do avô.
A B. bailou de pés descalços, na rua, nessa noite.

E dormiu melhor...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Telefonema...

O telemóvel acabou de tocar. Cinco minutos de conversa. Nem isso. E uma alegria imensa.
Hoje já nem consigo escrever mais. Amanhã. Amanhã...

Mas eu mereço?

Ontem.
Ele:
- És mesmo desajeitada, B.! Já te disse que gosto de ti, mesmo assim?

Do coração. E OUTROS DEMÓNIOS.

Tens que o segurar bem, para não cair. Mas não podes apertá-lo demasiado, para que não o sufoques. Não sei em que momento me esqueci de to dizer. Deveria ter dito? Não o deixaste cair, bem sei. Agarraste-o como quem está a afogar-se se agarra a uma bóia. Agarraste-o como um moribundo agarra a vida num suspiro. Agarraste-o com as duas mãos, sôfrego, como se lhe quisesses beber a vida, em forma de sangue; como se quisesses fazê-lo bater dentro do teu peito. E quanto mais o apertavas contra ti, mais a minha vida se esvaía pelos poros. A minha respiração desacelerou. Senti o corpo entrar em delírio. Mas não me importei. De qualquer das formas, agora também já não quero que mo devolvas. Ele sempre foi como um animal selvagem, correndo em campos de girassóis, chapinhando em ribeiras de água doce, onde os peixes vinham beijar os pés nus. Ele sempre foi livre. Até que se rendeu, cansado, demasiado cansado para bater sozinho. Foi-se aproximando lentamente, ainda assustado. Chegou bem perto de ti. Suficientemente perto para te respirar. Bateu mais fortemente como que a avisar-me que estavas ali. Tentou ganhar asas como um pássaro pronto a voar pela primeira vez. E eu sentia as asas baterem-me no peito, roçarem-me a pele, revolverem-me o cabelo. Era urgente. Ele queria. E eu nada mais podia fazer. Não podia prendê-lo mais. Não lhe conseguia ler os batimentos de tão fortes e descompassados que eram. Ecoavam-me na carne; descobriam-me a pele, debaixo da roupa; atordoavam-me os sentidos. Tinha que deixá-lo partir. Esta já não era a sua casa. Ele queria ser livre noutro peito. Queria bater noutro compasso. E eu não quis deixá-lo ir sozinho ao teu encontro. Ele já conhecia o caminho que o levava a ti. Mas eu quis acompanhá-lo, fazer a última viagem com ele dentro de mim. Ele pegou-me na mão e eu senti-me mais pequena do que nunca. Fechei os olhos e deixei-me ir. Naquele momento era ele o meu dono. O meu mestre. A viagem não foi longa, não foi. Por entre todas as encruzilhadas, ele seguiu sem enganar-se. Parou. Eu abri os olhos. Ceguei. Fechei-os novamente e abri-os lentamente, uma vez mais, como se estivesse a habituar-me ao que via. Ele continuava a bater. Agora, docemente. Tinha chegado ao seu destino. Podia descansar um pouco. Não me despedi. Olhei-o uma última vez e só aí.... peguei cuidadosamente no meu coração e o depositei. Nas tuas mãos.
Afastei-me vagarosamente. A ferida aberta. A dor. Lancinante. Corri, na tentativa vã de lhe fugir. Caí. Os joelhos nus nas pedras do chão. No pó da estrada. E só aí... chorei. Sem soluços. Apenas lágrimas que pisavam as folhas e trepavam pelos ramos que me secaram na alma, apenas lágrimas que me saíam pelos olhos, rebolando cintilantes pelas faces. Quentes. Salgadas. Doridas. Levantei-me a custo, sacudi o vestido. Tentei respirar fundo, mas o ar não me enchia o peito. Cada vez que tentava fazê-lo, era um murro no peito vazio. Olhei para o horizonte. Para onde iria? Estava perdida.... Tinha esquecido o caminho de casa.
 
 

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Bem-hajas...

Não tenho por hábito guardar mesnsagens no telemóvel. Por uma razão que me é especial, guardei e continuarei a guardar uma que me arrancou um sorriso num dos dias mais longos da minha vida. Não irei transcrevê-la na totalidade (por razões óbvias), mas partilho convosco parte da mesma: recebida em 23/08/2009 01:34 "(...) e tens que reagir. Tens mesmo. Por ti. És linda e isso não percas nem vulgarizes ao te transformar como as outras... Não será bom, acredita. Ser especial é lindo. Duro, mas lindo."
Há pessoas assim. Daquele tipo de pessoas que vão entrando de mansinho pela nossa vida e se ancoram no fundo da nossa alma. Chegaste devagarinho. Mas vieste para ficar. Tens sido uma amigo valente, querido P.. Tens sido a única pessoa capaz de fazer com que lamba lágrimas do rosto com um sorriso na boca e nos olhos. Consegues perceber a minha sede insaciável de infinito, que é também a tua.

Bem-hajas.
... por te preocupares comigo;
... por me acompanhares nas noites de insónias;
... por me desejares um bom dia, mesmo quando ainda estou a dormir;
... por me mimares;
... por seres generoso;
... por sentires as tuas dores e também as minhas;
... por me deixares ser um porto de abrigo para as tuas mágoas;
... pelas palavras que escreves; pelas que dizes e pelas que calas mas que eu leio nas entrelinhas;
... por partilhares dores e sorrisos;
... por me arrancares gargalhadas tão sonoras com certas "trapalhadas" que te acontecem (o meu vizinho deve pensar que sou louca por rir sozinha);
... por pores no meu nome algo doce (só tu me tratas assim).

Bem-hajas por existires e fazeres parte da minha vida. É uma honra.

domingo, 23 de agosto de 2009

Deixa-me morrer ou viver. Em ti.

Às vezes penso... és um assassino de amores. És um ladrão de almas. Como se o facto de ficares com o coração dos outros a bater-te nas mãos, suplicando por vida, não te chegasse. Como se a certeza de me saberes eternamente tua, cerzida a ti, não fosse suficiente.
Às vezes penso... mata-me de uma vez, deixa-me morrer em ti, ou então, dá-me vida. Deixa-me viver para sempre no prolongamento da tua eternidade desordenada e ansiosa.
Queima-me a carne a ferro quente, rasga-me a pele e entranha-te. Não fujas. Queima-me. Queima-me...
O cigarro arde-me nos lábios e eu só quero que a tua boca apague o meu mar. Em chamas.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Que seria?

As palavras falham-me. Sinto a cabeça a latejar, vazia, ou então, demasiado cheia. Tão cheia que os meus dedos trôpegos não conseguem acompanhar a velocidade dos pensamentos que a percorrem. Nem escrever consigo e deixo-me embalar numa apatia que me faz doer a pele, a carne, os ossos e tudo cá dentro.

O passado fim-de-semana teve acontecimentos únicos de tão fantásticos mas o desfecho do mesmo continua a chicotear-me o corpo. Voltei a ter insónias. As poucas horas que durmo entregam-se a pesadelos que não consigo evitar quando os olhos fecham. Os comprimidos cor-de-rosa permanecem na mesinha de cabeceira.

O cansaço era imenso, é verdade. Era quase dia, tão dia, que a claridade já feria os olhos depois de um dia e uma noite a dançar no meio do pó. A viagem não seria assim tão longa até chegar a casa. Duas horas e meia, três no máximo. Mas os olhos deixaram-se trair pelo sono. Fecharam-se dois segundos. E aquilo que me lembro é do primeiro embate, o arrastar do carro pelo muro, como que em câmara lenta. Não penso em mais nada. Apenas pergunto a mim mesma: se em vez do muro estivesse um precipício; se em vez daquela estrada, o carro seguisse numa auto-estrada a alta velocidade...

QUE SERIA?

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ondas de palavras.



Eu sei que cada palavra minha é como uma onda que se forma nas entranhas do mar e se atira contra penhascos imponentes, morrendo-lhe nos braços frios. Mas a morte de cada onda faz nascer outra e mais outra e elas nunca acabam. Nenhuma vive duas vezes da mesma forma. Cada uma se resigna a um fim violento e deixa-se levar de regresso ao local de onde partira, num lamento que é quase um murmúrio. Apenas uma nova onda terá força para tentar o que outras não conseguiram. Até que, também esta, se rende, cansada, conhecendo de antemão o fim anunciado e enevitável. E tudo acalma. Aparentemente.


Calo as palavras. Faço-as apaziguarem-se, espalhadas de forma desordenada pela alma e peço silêncio. Tapo-lhes a boca, mesmo que tentem morder-me a carne e me exijam serem ouvidas. Não é tempo. Não é o momento. Quando, finalmente, as liberto, soltam-se com fúria incontrolável e é aí, só aí, que elas falam de mim, de dentro de mim, sem que possa evitar o que dizem.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Loucuras...

Não costumo ter medo de nada... Na verdade, aquilo de que realmente tenho medo é de mim mesma. Daquilo que não consigo controlar. Ou não quero controlar. Daquilo que não controlo mas que, mesmo assim, me atrai. A sensação de sentir o chão fugir-me debaixo dos pés é angustiante e, ao mesmo tempo, atraente. A vontade de entregar-me a um rodopio estonteante no qual desmaio em mim.. É a certeza absoluta de nada conseguir fazer para contrariar vontades que se escrevem no peito e que vou lendo num silêncio inconsciente. São as cores com que esboço pinturas enquanto sonho de olhos abertos. É a loucura de ser tão lúcida, que chego a ter consciência absoluta da minha loucura. É um querer não querer e, mesmo assim, continuar a querer aquilo que se quer.

É o, tantas vezes, não saber...

que se quer.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O verdadeiro elogio. Ao amor.

Há quem viva como coração perto da boca. Há quem viva com ele na ponta dos dedos. Eu prefiro não ouvir o meu. Ou, pelo menos, fazer de conta que não o ouço ou sinto. Tapo os ouvidos, fecho os olhos e a boca e talvez assim o batimento cardíaco desacelere até tornar-se inaudível, imperceptível. Talvez assim não me dê conta da sua existência. Mas o sacana insiste em pregar-me partidas e, quando menos espero, faz questão de me recordar o sítio onde mora, como se fosse um despertador por vibração. Apertado ou inchado. Não lhe sou indiferente.
Foi o que aconteceu hoje. Ao reler um texto que já conhecia, algo o despertou. E quando me apercebi era tarde demais. O peito já me doía, como se cada batimento descompassado fosse um murro. Como se me custasse respirar e o ar me sufocasse lentamente. Pouco interessa quem o escreveu. Pouco interessa...
Mas quem o fez, fê-lo com uma "banda sonora" única...
"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também"..

domingo, 2 de agosto de 2009

Não sei se vale a pena...

(Mais uma) Fotografia fantástica de Paulo Madeira www.paulomadeira.net www.olhares.com/moss



Não sei se vale a pena. Esta vontade de nada prende os músculos e vai pintando a negro os sonhos. É como se o desalento agarrasse num lápis de carvão e começasse a cobrir com linhas escuras todas as outras cores.
Não sei se vale a pena. Não me apetece. O vizinho dá-me os bons dias a meio de um sorriso e custa-me responder-lhe. Passo ao lado da esplanada de um café e quase sinto inveja. Vários jovens, riem e falam de tudo e de nada de uma forma despreocupada. Semeiam sonhos no fundo de uma garrafa de cerveja. Não me apetece nada... Sigo o caminho de casa sem parar.
Nem sei se tudo isto é real. Perco a conta ao número de cafés, acendo (mais) um cigarro. Sinto-me errante. Deslocada. Da varanda vejo telhados, luzes através das janelas de outras casas. Que estarão a fazer? Será que, tal como eu, têm insónias? A rua está adormecida. A velar-lhe o sono, apenas os candeeiros que se espalham por entre as casas.
Um manto escuro apagou as estrelas e eu só quero (conseguir) adormecer.
Eu sei que vou passar a vida toda à tua espera. Não sei se vale a pena. Eu sei que não virás. Não sei se vale a pena...



Vale a pena?