segunda-feira, 13 de julho de 2009

Outra vez. Assim.

Os mais atentos perceberão...
Este post é uma repetição. Simplesmente, há sentimentos que insistem em perseguir-me e, pelos vistos, não consigo ver-me livre deles. Ao que parece, também não consigo arranjar novas palavras para traduzi-los. Talvez seja apenas preguiça. Talvez seja outra coisa. Talvez consiga escrever algo novo. Noutro dia. Hoje sinto-me assim:


A casa parece-me diferente à noite. Deve ser este silêncio que a enche de vazio. É nestas noites que me sinto sozinha, é nestas noites que engolem os dias que sinto saudades do que nunca tive. É nestes momentos que sinto aquela pequenez de que tanto falo. Nunca apreciei qualquer tipo de dependência, mas sinto que essa ideia me atormenta em cada noite que adormeço com a solidão inquieta a bater-me no peito... Não quero perder a doçura de quem acredita em amores eternos, não quero crescer nunca. Não quero deixar de acreditar, não quero sentir medo e ter que proteger-me de mim e dos outros. Quero continuar a sujar a cara com gelado de morango ou de chocolates que se derretem nos dedos e na boca. Quero passear de mãos dadas, olhar para as estrelas e pedir desejos em segredo. Quero ler e fazer planos a dois. Partilhar refeições e bolos, risos e sorrisos, pele e carne, cheiros e toques. Quero trocar beijos envergonhados e fugidios na sombra de um banco de jardim e olhares cúmplices e carregados de desejo no meio de uma multidão. Quero alguém com quem entardecer e arder na réstia de luz calada que entra timidamente pelas janelas. Quero encher este silêncio escondido nas paredes com beijos e o nosso cheiro, o teu e o meu. Quero noites de fogo nunca adormecidas e manhãs de domingo despreocupadas e lânguidas. Quero sentir que tenho alguém e sentir-me desse mesmo alguém. Quero adormecer cheia de cansaço e com a firme certeza que amanhã continuarás aqui, em casa e a respirar-me no peito, sem preocupações. Quero viver rotinas contigo e saber que estaremos sempre em casa, desde que estejamos juntos. Quero namorar, sempre, por mais tempo que passe, por mais que sinta os olhares desaprovadores na pele, eu quero namorar, sempre. Os adultos esquecem-se de namorar... Isto de termos que nos comportar de determinada forma consoante a idade é verdadeiramente limitante. Não quero crescer nunca. Mesmo.
15 de Junho de 2009

1 comentário:

Anónimo disse...

Acabo de ler um grande desafio.

Constato, na leitura, uma lucidez de processos e de constatações.
Mais destas que daquelas.

Ser adulto é, muitas vezes, limitante.

Que bom se pudéssemos ter ficado sempre crianças...