sexta-feira, 3 de julho de 2009

O silêncio das palavras.


E ela dizia tudo em silêncio.
Mordia cada pedaço de palavra
contida,
rasgada no peito,
desenhada em folhas amareladas do tempo,
brotada na brevidade de um olhar.
Assim, tudo ela dizia e nada poderia dizer.
Acordava vontades adormecidas,
sacudia o coração inquieto
e cada palavra ébria que não dizia era uma
onda,
lançada de encontro a penhascos insolentes.
Nada diria...
Mas se algo pudesse dizer...
Cada palavra surgiria dançando na música melodiosa e triste da alma,
E o canto dos rouxinóis,
seria o seu mensageiro,
viajando num barco de papel.

4 comentários:

Anónimo disse...

Ooppss

Perante um texto como o que acabo de ler fico, com um olhar fixo, pensando na beleza do seu conteúdo.
E pergunto: onde andava esta menina que agora se revela (ou confirma) numa escrita marcante?

Parabéns.

Tudo de mim. Ou quase. disse...

Oh (coro).
Nem sempre consigo escrever desta forma... Por isso passei tanto tempo sem escrever. Ficava desiludida comigo mesma de cada vez que tentava encontrar as palavras e elas me fugiam. Agora tento ter calma. Não apresso. Deixo que as palavras surjam em mim quando elas assim o entendem... (isto é, segundo a minha humilde opinião, a visão poética do acto de escrever).

Mas a escrita também se faz de trabalho "externo", de tentar conjugar, da forma mais perfeita possível, as palavras. Elas, as palavras, podem ser simples (não tenho na bagagem palavras que não o sejam. Aquilo que pode, na verdade, seduzir é a união das mesmas entre si, formando algo único.

ManUel disse...

tá inspirada a menina... veja lá se não será novamente confundida com a Margarida Rebelo Pinto :P

Tudo de mim. Ou quase. disse...

Hum... hoje estou a ter um dia bastante "produtivo"...
Pode ser que a mesma senhora anónima queira dar-me o prazer de mais um comentário magnífico. :)