terça-feira, 21 de julho de 2009

A estranha em mim.


Tic tac, tic tac... Assim decorrem os dias. Sempre iguais, monótonos, rotineiros. Tento lembrar acontecimentos, mas aquilo que me chega é difuso. Não mais são que fragmentos de imagens desordenadas, tremidas e distantes, embutidas em tela preta, de uma vida que nem sei ser minha. Olhando para elas, não me vejo. Não sei se seria outra pessoa que agora não sou, se me imagino agora de outra forma e o meu eu ficou para atrás. Tic tac, Tic tac... Compassado, ausente de flutuações, quase que me embala o corpo cansado e dorido. Sentir esta mutação constante, esta existência alienada, esgota-me. Tic tac, tic tac... Por momentos, desejo-me assim, sem oscilações, como o relógio que bate sempre na mesma cadência e, salvo alguma falha humana, não erra. Tic tac, tic tac... Encosto-o de encontro ao ouvido e deixo-me adormecer. Já não sei de mim. Se ao menos eu fosse minha... Sinto-me uma estranha em casa.No dia seguinte, o cão do vizinho ladra.
Não me reconhece.
29 de Maio de 2009

2 comentários:

Anónimo disse...

Abre os olhos lentamente.
Acorda.
Sorri.
Tic tac tic tac...

Um beijo

Tudo de mim. Ou quase. disse...

Sorrio...
sorrio.

Beijinho e obrigada pelo acompanhamento, ainda que silencioso.